O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou nesta terça-feira (8/7) que pretende impor uma tarifa adicional de 10% sobre os países que integram o Brics — bloco formado por economias emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A declaração foi feita durante um pronunciamento na Casa Branca e reforça as ameaças comerciais que o republicano já havia feito no último fim de semana.
Segundo Trump, os integrantes do Brics estariam trabalhando para “desvalorizar o dólar” e “minar os interesses dos Estados Unidos”. “Se querem jogar esse jogo, eu também posso jogar. Quem fizer parte do Brics vai ter que pagar 10%”, afirmou. Questionado sobre quando a medida entrará em vigor, respondeu apenas: “Em breve”
Essa não é a primeira vez que Trump sobe o tom contra o grupo. Ainda no início de 2025, ele chegou a mencionar a possibilidade de impor tarifas de até 100% a países que, segundo ele, desafiem a política comercial norte-americana por meio do bloco.
As tensões aumentaram após o avanço das discussões internas do Brics sobre a criação de uma moeda comum para transações internacionais, vista por Washington como um esforço para reduzir a dependência global do dólar.
Apesar das ameaças, Trump declarou que não enxerga o Brics como uma “ameaça séria”, mas deixou claro que vê na proposta da nova moeda um risco geopolítico: “Seria como perder uma guerra mundial”
Na prática, caso a nova tarifa seja implementada, o Brasil pode enfrentar uma elevação de 10 pontos percentuais nas taxas sobre suas exportações para os Estados Unidos. Atualmente, o país já é alvo de um pacote tarifário de Trump, que inclui sobretaxas de 10% em diversos produtos desde abril.
Além disso, setores estratégicos da indústria brasileira, como o de aço e alumínio, já sofrem com impostos pesados. Ambos os materiais são taxados em 50% ao entrarem em território norte-americano, como parte da política protecionista adotada por Trump desde seu retorno ao poder.
A postura do republicano vem gerando reações no cenário internacional. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se manifestou, ao lado do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, rechaçando a medida e defendendo que o Brics “não nasceu para confrontar ninguém”, mas para promover equilíbrio nas relações globais.