pne9 - Publicado em: 17/10/2025 11:00

Mistérios da Caatinga: pesquisadores descobrem cinco novos bichos da região

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A descoberta, feita pelo Laboratório de Mirmecologia do Sertão, vinculado ao Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna), reforça o quanto ainda há por explorar na biodiversidade do Nordeste.

Caatinga ocupa cerca de 11% do território nacional, abrangendo grande parte do Nordeste. Entretando, apesar de sua aparência árida, o bioma abriga uma impressionante variedade de espécies de plantas, animais e microrganismos, muitos deles endêmicos — ou seja, que só existem ali.

Segundo o coordenador das pesquisas, o professor Benoit Jean Bernard Jahyny, doutor em Etologia pela Universidade Sorbonne Paris Nord, as descobertas mostram o quanto a Caatinga ainda é um território de surpresas.

Entre as cinco espécies descritas, estão duas vespasdois besouros e uma formiga, todas encontradas em áreas do norte da Bahia, próximas aos municípios de Casa Nova e Pilão Arcado. As coletas ocorreram nas chamadas paleodunas do Rio São Francisco, formações arenosas com mais de 250 mil anos, que abrigam uma vegetação adaptada ao clima seco e uma fauna de artrópodes ativa, especialmente durante a noite.

Durante uma dessas expedições, um curioso besouro foi atraído pela luz das lanternas dos pesquisadores — e acabou se tornando uma das principais descobertas do grupo.

Athyreus arretado, nomeado em homenagem à expressão típica do Nordeste, foi descrito oficialmente na revista científica Zootaxa. Com 2,3 centímetros de comprimento e coloração marrom-avermelhada, o besouro pertence à família Geotrupidae, conhecida por auxiliar na decomposição de matéria orgânica, essencial para o equilíbrio dos ecossistemas.

Ele possui um chifre central em formato de “J” atrás da cabeça, o que o diferencia das demais espécies do gênero. “O nome é uma forma divertida de homenagear a cultura nordestina e o orgulho regional que temos por estudar nossa própria fauna”, comenta Jahyny.

Outra descoberta com sotaque regional foi a formiga Eurhopalothrix oxente, de apenas 2,5 milímetros, coletada em fragmentos de mata ciliar às margens do São Francisco. Pequena, mas poderosa, ela possui mandíbulas com nove dentes triangulares e é uma predadora de pequenos artrópodes.

Já entre as vespas, os cientistas identificaram a Gonatopus cambitos, conhecida como “vespa de pinças”, pois as fêmeas têm patas dianteiras modificadas para segurar cigarras, nas quais depositam seus ovos. A larva se desenvolve dentro do hospedeiro até completar o ciclo.

Outra espécie, a Olixon caju, também foi encontrada no litoral de Sergipe — reforçando a amplitude das pesquisas pelo Nordeste.

O grupo do Cemafauna/Univasf já catalogou mais de 100 espécies de insetos em suas expedições, muitas delas endêmicas da Caatinga. Além disso, o bioma abriga mais de 3 mil espécies conhecidas de insetos, número que cresce a cada nova pesquisa.

Para o professor Jahyny, o avanço da ciência no bioma é também uma forma de valorização regional:

O termo “arretado”, usado para batizar o besouro, é uma das palavras mais simbólicas do vocabulário nordestino. Pode significar “incrível”, “forte” ou “impressionante” — adjetivos perfeitos para descrever o que a Caatinga

Portanto, com as novas descobertas, os pesquisadores reforçam que a Caatinga ainda guarda inúmeros segredos a serem revelados. Cada nova espécie identificada é uma janela para compreender melhor o equilíbrio ecológico desse bioma único e, ao mesmo tempo, um alerta sobre a importância de sua preservação. Assim, a fauna da Caatinga, com suas adaptações surpreendentes às condições extremas do semiárido, mostra que o Nordeste brasileiro é muito mais do que paisagens áridas — é um território vivo, diverso e repleto de encantos científicos ainda pouco explorados.

Afinal, esses achados fortalecem a importância da pesquisa e da conservação ambiental, lembrando que proteger a Caatinga é também preservar a história natural e cultural do Brasil.continua revelando ao mundo.

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