Entre as cinco espécies descritas, estão duas vespas, dois besouros e uma formiga, todas encontradas em áreas do norte da Bahia, próximas aos municípios de Casa Nova e Pilão Arcado. As coletas ocorreram nas chamadas paleodunas do Rio São Francisco, formações arenosas com mais de 250 mil anos, que abrigam uma vegetação adaptada ao clima seco e uma fauna de artrópodes ativa, especialmente durante a noite.
Durante uma dessas expedições, um curioso besouro foi atraído pela luz das lanternas dos pesquisadores — e acabou se tornando uma das principais descobertas do grupo.
O Athyreus arretado, nomeado em homenagem à expressão típica do Nordeste, foi descrito oficialmente na revista científica Zootaxa. Com 2,3 centímetros de comprimento e coloração marrom-avermelhada, o besouro pertence à família Geotrupidae, conhecida por auxiliar na decomposição de matéria orgânica, essencial para o equilíbrio dos ecossistemas.
Ele possui um chifre central em formato de “J” atrás da cabeça, o que o diferencia das demais espécies do gênero. “O nome é uma forma divertida de homenagear a cultura nordestina e o orgulho regional que temos por estudar nossa própria fauna”, comenta Jahyny.
Outra descoberta com sotaque regional foi a formiga Eurhopalothrix oxente, de apenas 2,5 milímetros, coletada em fragmentos de mata ciliar às margens do São Francisco. Pequena, mas poderosa, ela possui mandíbulas com nove dentes triangulares e é uma predadora de pequenos artrópodes.
Já entre as vespas, os cientistas identificaram a Gonatopus cambitos, conhecida como “vespa de pinças”, pois as fêmeas têm patas dianteiras modificadas para segurar cigarras, nas quais depositam seus ovos. A larva se desenvolve dentro do hospedeiro até completar o ciclo.
Outra espécie, a Olixon caju, também foi encontrada no litoral de Sergipe — reforçando a amplitude das pesquisas pelo Nordeste.
O grupo do Cemafauna/Univasf já catalogou mais de 100 espécies de insetos em suas expedições, muitas delas endêmicas da Caatinga. Além disso, o bioma abriga mais de 3 mil espécies conhecidas de insetos, número que cresce a cada nova pesquisa.
Para o professor Jahyny, o avanço da ciência no bioma é também uma forma de valorização regional:
O termo “arretado”, usado para batizar o besouro, é uma das palavras mais simbólicas do vocabulário nordestino. Pode significar “incrível”, “forte” ou “impressionante” — adjetivos perfeitos para descrever o que a Caatinga
Portanto, com as novas descobertas, os pesquisadores reforçam que a Caatinga ainda guarda inúmeros segredos a serem revelados. Cada nova espécie identificada é uma janela para compreender melhor o equilíbrio ecológico desse bioma único e, ao mesmo tempo, um alerta sobre a importância de sua preservação. Assim, a fauna da Caatinga, com suas adaptações surpreendentes às condições extremas do semiárido, mostra que o Nordeste brasileiro é muito mais do que paisagens áridas — é um território vivo, diverso e repleto de encantos científicos ainda pouco explorados.
Afinal, esses achados fortalecem a importância da pesquisa e da conservação ambiental, lembrando que proteger a Caatinga é também preservar a história natural e cultural do Brasil.continua revelando ao mundo.
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